Através dos séculos, a humanidade tem se preocupado em melhorar a arte de amar, aprimorando a qualidade do sexo. Pesquisar as qualidades estimulantes dos alimentos faz parte da história das civilizações. Muitas receitas afrodisíacas foram se perdendo com o passar do tempo. Algumas, porém, sobreviveram até hoje, graças à tradição oral, que preservou tais ensinamentos através das gerações.
Na Grécia Antiga: para os gregos, o culto a Afrodite tinha uma preocupação efetivamente religiosa de ceder à sensualidade. Considerando-se que o melhor da vida era a busca do prazer, eram realizados festivais orgíacos, em que o consumo abundante de poções e alimentos afrodisíacos tinha por finalidade o extravasamento desse preceito. Na culinária, tinham preferência por cebolas, cenouras e trufas. Depois ovos, mel e abacaxi. Ovas de esturjão, lesmas, peixes, crustáceos e frutos do mar. As cortesãs gregas tinham por hábito usar o perfume da violeta em suas zonas erógenas. Este, misturado ao suor e às secreções femininas, estimulava homens de diferentes idades, excitando os mais jovens e aliviando a melancolia dos mais velhos. Cleópatra, nas suas aventuras amorosas, passava uma pasta de mel com amêndoas moídas em suas partes íntimas para que os amantes a lambessem.
Entre os romanos: já a civilização romana acrescentava à lista dos alimentos gregos os órgãos genitais de vários animais, como, por exemplo, o burro, o lobo e o veado. Além disso, comiam ostras, favas, pimenta amassada com semente de urtiga, cheiro verde e cogumelos. Nos festins, os escravos contavam entre suas tarefas a de aromatizar os cômodos soprando perfumes e jogando flores do teto. Os romanos costumavam presenciar cenas eróticas em peças teatrais e se regalar em jantares em que serviam fígado de lúcio, miolos de pavão e língua de guará.
No cristianismo: Com o cristianismo, o sexo prazeroso transformou-se em culpa. Os prazeres sensuais foram considerados pecaminosos, e o conhecimento de afrodisíacos associado à magia amorosa, considerado pernicioso pela Igreja. Na tentativa de melhorar o sexo, o amante medieval recorria a formas não legais de aprimoramento, acrescentando certos ingredientes esdrúxulos à alimentação afrodisíaca, como coração de sapo e gordura das vítimas de enforcamento. Daí o sentimento de culpa associado ao prazer. O fedor do lixo e das fezes por trás das cortinas dos castelos medievais era amenizado cobrindo-se o chão de pétalas de flores e ervas aromática, que se confundiam com o pesado ar desses recintos. Através da propagação de usos e costumes pela fala, as mais atraentes poções e curas conhecidas dos tempos antigos ainda eram lembradas, nesta época, e tinham sua reputação reforçada por séculos de uso.
Na Inglaterra: Durante o reinado dos Tudor, o estudo e o interesse pelos afrodisíacos permaneciam. Especialistas atribuíam propriedades a alimentos importados de outros países. Exemplo disso são os tomates e as batatas importadas do Peru, que, devido à sua origem exótica, eram considerados poderosos estimulantes. Além disso, porcos, corças, carneiros, galinhas e salmão eram servidos em banquetes regados a molhos picantes. Após a dissolução dos mosteiros e a limitação da propriedade de terras, os ingleses pobres começaram a passar fome. O Puritanismo estabeleceu-se, então, abolindo qualquer tipo de condimento que excitasse as paixões. Uma alimentação simples era o mais apropriado. No reinado dos Stuart, após a Restauração, os excessos sensuais culinários retornaram às mesas. Os ricos, para satisfazer seus anseios de apurar os sentidos, contratavam serviçais franceses especializados em iguarias, tais como, tortas, geléias, bolos, creme de cogumelos, rins, trufas, cotovias, nozes e aspargos.
Na França: no século XVIII, as proprietárias de bordéis competiam entre si com a mais variada e excelente refeição para atrair a clientela abastada. Os pratos eram condimentados com pimenta, gengibre e outros temperos exóticos, para aumentar a energia. Além disso, os folhados e o chocolate eram fartamente abastecidos com cantárida (mosca espanhola). Tinha-se à disposição todo tipo de afrodisíacos, em poções, pílulas e perfumes.
Entre os árabes: os árabes enriqueceram a História com obras de ciências, astronomia, medicina, filosofia e condimentos exóticos para temperar as refeições. Na obra "O Jardim Perfumado para Deleite da Alma", do xeque Nefzawi, encontra-se uma grande orientação sobre afrodisíacos, como por exemplo, o de recolher a gordura da corcova do camelo, derretê-la e, então, aplicá-la no pênis. Isto provocaria muitas coisas, até mesmo tornar esplêndido um membro pequeno.
Na Índia: com cinco mil anos de civilização, a Índia possui uma rica tradição sexual, da qual se destaca o tantra, prática em que o conhecimento é obtido através do êxtase. A arte erótica se expressa através de pinturas, esculturas e na literatura. Livros, como Ananga Ranga e Kama Sutra, contêm valiosas referências afrodisíacas a aspargos cozidos, melado com leite e alcaçuz, arroz e ovos de pardal cozidos com mel e leite, e suco de bhuyia-kothali, além das cebolas, alho e feijão. Fazem ainda referência a um ingrediente muito especial, que aplicado aos olhos faz com que todos fiquem fascinados. Trata-se da carne de coruja misturada ao pó de cérebro humano colhido na pia crematória.
Na China: na China, há mais de dois mil anos, um monge taoísta compilou notas das maratonas sexuais de sua esposa com inúmeros voluntários, a fim de desenvolver dietas que preservassem integralmente a saúde e aumentassem a alegria genital feminina. Para os chineses, o simbolismo sexual era muito importante. Por conta disso, chifres de animais, plantas e cogumelos nos formatos de pênis eram muito populares. Os ingredientes afrodisíacos mais usados eram ginseng, canela, algas, enxofre, pinhão, pepinos e fígado de vários animais. Além disso, prescreviam-se secreções sexuais e fezes humanas e de animais conhecidos pelo seu caráter predatório, como ursos, cabras e touros.
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